SACIEDADE DOS POETAS VIVOS DIGITAL - VOL. 2

NEIDE ARCHANJO - Poeta, advogada, psicóloga. Paulista, radicada no Rio de Janeiro. Estreou na poesia em 1964, com o livro "Primeiros Ofícios da Memória". Desde então, criou e participou de movimentos como "Poesia na Praça", varais de poesia, espetáculos em teatro, cafés, faculdades, bibliotecas, festivais nacionais e internacionais de poesia e arte. Criou e implantou a Oficina Literária da Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo. Foi bolsista da Fundação Calouste Gulbenkian na qualidade de poeta residente, em Portugal. Seus poemas figuram em antologias nacionais e estrangeiras. É considerada pela crítica uma das autoras brasileiras mais significativas da geração que surgiu na década de 60. Foi assessora da Biblioteca Nacional e membro do Conselho Editorial da Revista "Poesia Sempre". Nos anos de 1980 e 2000 recebeu da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) os prêmios de poesia. Foi indicada para o prêmio Jabuti de poesia em 1995, pelo livro "Tudo é Sempre Agora". Os poemas de seu livro "Pequeno Oratório do Poeta Para o Anjo" foram gravados por Maria Bethânia. Possui onze livros publicados, sendo que " Soraya - uma princesa Sefardita é edição bilínuge, francesa. Em 2005, ganhou o Prêmio de Poesia da Academia Brasileira de Letras. Em 2006, pela publicação de sua Obra Completa, comemorando 40 anos de poesia, obteve, pela segunda vez consecutiva, o prêmio de Poesia da Academia Brasieira de Letras, o Jabuti de Poesia e o Prêmio da Associação Brasileira dos Escritores.

Contatos: neidearchanjo@uol.com.br
Página individual de poesia em Blocos Online


           (Já não há cíclopes)

(Ontem)

(Era foz)

     

           (Esquecer esquecer este espanto)

(A hora da poesia já se foi )

(Não pude ser)

 

Era foz
e parecia ser fonte.
Era foz.

Fizemos pactos
de lucidez e alumbramentos.

Uma manhã
de braços dados
passeamos por um bosque
de invisíveis cogumelos
onde se ouviam
as ovelhas
e ao longe
um bezerro de ouro
sob as montanhas.

Algumas noites
líamos Rilke
pausadamente
outra jogávamos dados.

Às vezes ele falava
dos sonhos
de quem não tinha ainda
trinta anos.

O que restou
desses votos quebrados?

Do livro: "Pequeno oratório do poeta para o anjo ",  Ed. da autora, 1997, RJ

Neide Archanjo
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Neide Archanjo

 
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