SACIEDADE DOS POETAS VIVOS DIGITAL - VOL. 2

ROGEL SAMUEL - é poeta, romancista, cronista. Escreveu os livros: Crítica da escrita (1979), Manual de teoria literária, org. (Vozes, 14ª edição), Literatura básica (Vozes, 3 volumes, 1985), O que é Teolit? (Marco Zero 1986), 120 Poemas (Aió, 1991), Novo manual de teoria literária (Vozes, 3ª edição) e O amante das Amazonas (Editora Itatiaia, 2005, 2ª edição), além de várias centenas de artigos, crônicas, contos e poemas em jornais e na Internet (digite o nome do autor em um site de busca para lê-lo). Como webjornalista é editor da Revista Eletrônica Site do Escritor, do Crônicas de Sábado e colunista de Blocos Online. É amazonense, de Manaus. Professor aposentado adjunto doutor do Departamento de Ciência da Literatura na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ao lado, o desenho do autor é de Roberto Magalhães, 1973.
Sites:
http://www.geocities.com/rogelsamuel
http://rogelsamuel.blogspot.com/

Contatos: rogelsamuel@yahoo.com
Página individual de poesia em Blocos Online
Página individual de prosa em Blocos Online


           Poema do Rio Negro - pág. 1

Poema do Rio Negro - pág. 2

Poema do Rio Negro - pág. 3

     

           Poema do Rio Negro - pág. 4

Poema do Rio Negro - pág. 5

Poema do Rio Negro - pág. 6

 

Seguimos até o celismar 
na nossa sincopada batida 
de Ananda bois espiam  margens 
crianças olham ocorridas 
gritam cios cicios curumins 
passarinhada menina 
a cunhantã levantou voo? 
o curumim mergulhou? o rio urubu prossegue 
marcha fúnebre  ritual líquido da corte 
onde um dia, nesta tarde 
meu pai não me deixou mergulhar 
como se ali o rio pudesse 
para sempre me tragar 
quantos olhos aparecem? quantos ameaçam? 
na leveza do anum  canarana 
a criança  de longe a vista 
o rapaz nu ri ou está chorando? 
o sol se põe naquela tarde 
densíssima de calor e escudo 
e escuro e orgulho o rio negro 
fecha suas portas 
sobe para o céu suas veias iluminadas e nervuras 
acesas 
a lá estão os milhares  índios mortos 
ranger de dentes 
do rio chamado urubu 
sons percorrem com suas  luvas pretas 
as exclusividades das belezas sombrias 
urubu o rio range dorme cemitério norte 
risca  fio alertado brilho  fantasma 
sobretudo preto urubu balança e nos ameaça 
nos quer no seu túmulo  histórico 
amazônico emparedado dos matagais gerais 
alta e terrível  a floresta 
transforma as corridas as amas úmidas  amantes 
rio doente para sempre 
que desde o município de silves 
está pronto para ejetar  seus encapuzados enlevos 
e inocular a morte 
como as suas aranhas

Rogel Samuel
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Rogel Samuel

 
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