Seu rio corre indócil
em leitos estreitos,
insuficientes,
apertando águas
entre margens que não
se bastam.
Ele ri
da sua fantasia
colorida em nexos
de querer ser mar
por caminhos simétricos.
Seu rio acontece em
cascatas superações,
fontes repentinas,
redondas pedras,
enchentes de seduções.
Você não pode ser pouco
nem quando contrito
em orações.
Você não pode ser muito
nem quando transbordado
em precipitações.
Não está em você
ser sim
ou
ser não,
está na decisão
do seu rio
os redemoinhos
das indefinições.
Por isso durma
esses seus gestos arquitetos.
Por isso rasgue
esses seus mapas artifícios.
Esvazie os bolsos
dos planos imperadores.
Jogue nas águas
o esboço das diretrizes
e entregue seu sangue
ao delírio do rio.
Deixe que ele seja em si
a fúria, a paz,
o aceitável, o absurdo
... ele sabe o seu caminho.
Seja Hai Kai,
seja imenso,
minúsculo,
seja como for,
seja você,
seja o seu rio!