Desenrolando o Papiro
Eu
não disse que este Papiro está ficando bonito?! Olha que
texto maravilhoso, o de ontem, que veio lá do Recife e do Agreste
com gosto de fruta de Pernambuco! Isto aqui está ficando uma
barca só, uma jangada, uma arca de Noé com todos os animais
fantiasiados de poetas e escritores. Letras e sonhos por tudo quanto é
canto. Que venha o dilúvio e dure muito tempo e deixe esse pessoal
unido, enlouquecido, trancado na nave falando de coisas belas por mais
de quarenta dias e quarenta noites. Quero ver este Papiro pegar fogo e
acender chamas em muitas mentes e muitos corações. Que essa
luz se espalhe do Arroio ao Chuí e se transfira para outras terras:
européias, americanas, africanas... levem o papiro ardente por outras
plagas, falem dele, divulguem por todos os sítios e fazendas virtuais.
Façam-no famoso! Deixem que o povo e a turba falem dele e apontem
os dedos; ou lambam as pontas dos dedos para virar de página em
página, cada dia, ganhado nova surpresa a cada virada, perdendo
o medo de não poder cumprir o prometido. Oxente! Onde já
se viu isso? Tantos bons neurônios juntos não vão reproduzir
e retratar o momento atual?, o hoje?, o Belo? e as tantas coisas gostosas
desta vida? E a saudade, a dor, a incerteza, o gozo, a solidão,
a alegria, a chuva, as frutas, os beijos escondidos não merecem
ser descritos subjetivamente e desenhados em letras? E os sonhos, os pesadelos,
as ilusões, as frustrações ficarão mudas? E
as musas e os musos, como ficam? Calados? Com essa turma, duvidar, quem
há de? Meninos, vamos trabalhar, fazer mais coisas, lançar
mais dardos, continuar este bom projeto e cair na boca do mundo.
Continuemos desenrolando
o papiro.