Portas de aço
Ah...como minto quando digo que não te abraço na minha
cama,
Que absurda fantasia uso para vestir essa mentira!
Eu durmo sempre inteira no corpo teu
Tu estás sempre no embutido do corpo meu.
Venha nessa noite que escolho para te mostrar a verdade
Venha que eu quero divulgar essa nossa santa insanidade
Dance na mistura confusa dos nossos cabelos,
Não quero mais te esconder nas dobras dos véus.
Venha que eu quero arrancar tuas vestes,
Lamber teu sorriso, me agarrar na tua força
Dormir no teu pescoço, sangrar nos ombros teus.
É tua a estrela que dorme no meu seio
Derreta esse brilho na febre da tua boca.
Ah...que porcas mentiras vaguearam na minha alcova
Não quero mais te empurrar da minha cama, é mentira!
Deixe que eu sufoque na tua cor, no teu cheiro, no teu braço
mágico
Grite meu nome na tua sede
Beba de mim essa verdade mais nua.
Tanto te quero amar na minha cama todas as noites!
Assim, abrace em tuas pernas o meu desejo borboleta,
Encoste tua nuca na lágrima vai escorrer,
Inunde-me
Afogue-me no gozo teu.
Ah...que mentiras são essas que se formam nas sombras?
Que portas de aços seriam possíveis a esse meu amor gaivota?
Portas de aço tão mentirosas e insuficientes,
Tão transparentes e fracas,
Tão vulgarmente erguidas!
No meu quarto não existe ar,
Respiro apenas a paixão revelada,
Vivo apenas pelo azul da tua fome,
Essa tua fome louca que invoca o meu apetite por nuvens.