As impressões geram poemas.
A árvore do caminho nada me diz
é casual como as flores que o inverno
traz. Nada me faz feliz mas também
não choro.
Os filhos me amam então agradeço.
Não padeço de nenhum mal horrível
o coração não dói e a vida continua
amanhecendo. Eu tomo banho escovo
os dentes e tenho me alimentado.
Mas não há poemas.
Música nova e o palpitar de algum
sentimento. Sento-me e procuro concentrar-me:
que poeta sou se não escrevo? Procuro as
impressões que me agitam
embaixo do tapete
dia desses vi o rastro
do que foi talvez uma alegria. Perguntei para
a empregada, ela nada sabia. E bastou
eu fechar a porta para ela ir correndo
aspirar.
Ironia.
A esperança que eu tinha está agora
misturada às cinzas dos meus cigarros
num saco gasto de aspirador.