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Ainda assim

ver...
meus anjos brincando ao amanhecer,
tocar fantasmas sob meu céu de estrelas,
sobrevoar a paisagem de minha janela,
acompanhar meus passos pela casa,
acariciar meu corpo em brasa
na sede do desejo sem beijo,
cúmplice de algum ensejo...

entender...
entreabrir minhas portas ao anoitecer,
quebrar o som mudo da solidão ,
em meu quarto,
só minha... ainda, a escuridão...

conhecer ...
meu mundo ,
alcançar meu eu mais profundo,
neste abrigo...
sofrer meu castigo,
colher minhas flores,
arder em febre comigo,
sonhar meus sonhos,
comer morangos nascidos em minha
cabeceira, em longas noites de insônia...

sentir...
o que eu preciso sentir,
doer em não se ter,
sem querer,
chorar sem se dar ,
e nunca saber onde chegar...
ainda...
              ainda...
                            ainda...


 


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