Eutanásia
Retira os aparelhos e talvez eu viva
o tubo que oxigena
o fio que monitora
a cânula que alimenta
a agulha que ao ferir, salva
Desliga teu nome da tomada
e apaga da minha memória os
tua passagem e retira da minha
pele o perfume dos teus beijos,
dos meu olhos tua imagem em
mim impregnada
(indelével feito tatuagem?)
Devolve-me aquela que eu era
deixa-me sem cicatrizes sem lembranças
e então
já não precisarei do tubo
do fio
da cânula
Desliga-me e espera alguns minutos.
Se eu sorrir feito criança dá-me o beijo
derradeiro e fica ao meu lado enquanto
parto de mim para encontrar-me.
Se ao contrário uma lágrima escorrer
dos meus olhos fechados
dá as costas e vai embora
fecha a porta devagar, não faz ruído
que aqui dentro, partidos os meus sonhos
já tenho barulho demais.