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as horas frias da madrugada

Há uma hora fria na madrugada
em que o senso das coisas parece nada
e as pausas entre as palavras tornam-se
densas, formando imensos e intrincados
vãos.
Há uma hora fria na madrugada
em que o discurso dos sãos reveste-se
em demência; e as pudicas de plantão
se despem da decência; e os céticos
de súbito se entregam à paixão.

Há uma hora fatídica em toda madrugada
em que a gente ou se mata
ou se liberta.


 


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