VidaPulula a esfera controversa
em hediondos e lúgubres espasmos.
Mortíferos raios quilométricos
atingem as montanhas,
onde explodem vulcões,
espargindo cinzas nas alturas,
cobrindo rios, lagos, florestas,
tudo arruinando!A calamidade é pouca,
está só no início,
especialistas comentam...
Estrelas, sóbrias,
observam de longe
sem se imiscuir;
a lua, cansada,
não quer saber
de mais nada...O sol, opulento,
lança uma explosão
como bilhões de bombas
de hidrogênio para ajudar
a acelerar o processo, já
que não tem mesmo mais jeito!Eu observo tudo em meu sonho:
perplexo, vejo, da minha janela,
uma enorme bomba em forma de prédio
que cai verticalmente sobre a cidade, de ponta!A destruição se alastra, quarteirão
após quarteirão! Eu saio do prédio,
caminho entre a multidão
desvairada, meu coração bate
acelerado, o pânico é meu companheiro!Torno-me o ar poluído, a água fervente,
a terra se abrindo em fendas
que se espalham, tragando pessoas
desesperadas, animais atônitos, prédios e carros!Acompanho a explosão da esfera
em trilhões de partes e partículas:
minha consciência se multiplica
e sinto a dor de cada um, misturada
à sensação de que tudo se acabou...E, ao mesmo tempo, de que a vida continua
reproduzindo-se e espalhando-se pelo espaço,
procurando novas formas de manifestação.
Começo a entender que, mesmo assim,
valeu a pena ter vivido, continuar vivendo,
ainda que sob uma nova forma e consciência,
tentando de novo, destruindo e construindo,
como todos os outros elementos da natureza múltipla.Mergulho no mais profundo negror central
onde reside a origem; sou agora parte
de um crescer original em busca de novos caminhos,
novos erros, novos descaminhos,
em novos universos que se desdobram
nas noites e manhãs infindáveis do espaço/tempo.