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no leito do sumidouro

Te inventei tantas vezes em sonhos pra que eu, mesmo híbrida, pudesse
continuar   fluindo pelas arestas desaparadas do pedaço de espaço que me
sobrou e sobre o qual tentei manter ereta esta minha alma vândala, que neste
instante aflito que ainda está acontecendo, não consigo compreender o que
treme: irrealidade ou a idéia.
Ambas abraçadas pelo tempo que encolheu e talvez nunca deixe acontecer a hora
exata. Se é que ela existe.
Quando eu me preparava pra te imaginar acontecia um ritual, onde era sempre
extraordinário o momento em que me despia do pudor e vestida de desconhecida
sensualidade ia usando cores e sons e cheiros e sabores. Porque era preciso
te sentir acontecer além de todos os limites da minha lucidez mesmo estando
eu endividada de muitas perguntas sem respostas.
Era também neste tempo que eu me atrevia a indagar  de que matéria serão
feitos os sonhos. Cimento, nuvens, ar ou  água em estado gasoso? Nunca soube.
Acabei por compreender que a plenitude de todo sonho é tornar-se história
atemporal.


 


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