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Da espera...

Porque meus dedos já estão tortos de desenhar silhuetas no vão da porta e na paisagem de minha janela nunca encontro a imagem que procuro...

O tempo passa e contra ele nada posso.

Vão-se dias, meses, anos e nada muda, só eu permaneço calada à espera de um sonho que não vem... que talvez nunca venha a existir...

Caminho devagar pelo quarto vazio, jogo na gaveta papéis de seda que outrora carregavam riscos meus, que eu acreditava poemas, mas que hoje vejo eram apenas sonhos tolos...

A esperança que antes me acompanhava agora debocha de meus furtivos ais ecoados pelos cantos da casa.

Vou tomar um banho quente e relaxar... quantos anos de espera

ainda me restarão?

Talvez poucos... quem sabe ?

Quando eu era menina eu contava estrelas e fazia pedidos... que nunca foram atendidos... acreditei também em um tal papai noel que nunca aparecia... o engraçado é que hoje eu vejo fadas em jardins... Bom... não mudei tanto assim...

Esperar? Pra quê?

Já não posso mais... tenho estrelas à minha espera em cada canto de minha cama... no teto de meu quarto também brilham luas inventadas por meus devaneios... e se me canso delas ainda assim posso vê-las diferentes na espuma que escorre de meu corpo embaixo do chuveiro...

Hoje meus lábios já secaram a espera de beijos que nunca vieram e minha cama já se fez fria...

Hoje dentro de mim... queimam fogos diabólicos...


 


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