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A onça e o homem

A onça avançou de frente
encontrou os ombros de quem
estático olhava a penumbra
entre as folhagens úmidas
flores avermelhadas com pontos amarelos
miquinhos engraçadinhos
serpentes esverdeadas
formigas esforçadas
tatus em seus buracos
troncos redondos
galhos divididos
raízes destacadas.

Tudo o que a onça queria
era matar sua fome,
e esse homem sem renome
rastrear um destino incerto
perdido entre paredes, prédios,
ruas, avenidas, trilhas,
ribanceiras, rios, córregos,
árvores, cipós, pedras,
como uma borboleta fugaz,
tangenciando a curva noturna
do seu limite extremo, supremo,
audaz como um cavaleiro sereno,
que lutou, buscou um prêmio
esvoaçado, que lhe fugiu,
e em seu lugar restou a dúvida.


 


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