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CHOCOROLA

Comer chocolate nunca foi o meu forte. Não mesmo!! Às vezes deparo com uma caixa sobre a mesa e sigo com meus raciocínios sem dar importância. Quando encontro um tarado pelo cacauzinho, dou risadinha e penso: deve ser de família. Verdade!!! Dizem que essas coisas passam de pai para  filho. Quer ver? Conheço um garotinho que não come verdura por que a mãe declarou guerra ao alface. Odeia couve, acelga, vagem e todas essas coisas verdolengas da face da terra. E não adianta dizer que desengarrafa o trânsito intestinal. Não come, não come e pronto! A avó põe no pratinho mas também tá com ânsia de vômito. O irmão diz que é bom pra saúde mas tá com uma baita cara de escarola. A empregada olha de esguelha e se posta ao pé da porta, desconfiada. Ninguém assume a ojeriza. Instala-se um desconforto geral. Estão todos de olhos estatelados olhando aquela travessa atravessados. O bebê, em seu cadeirão, dá o primeiro passo. Num ímpeto de devaneio,  levanta seus bracinhos ainda sem coordenação motora, dirige-se aquela que  parece ser a grande vilã da história e, num movimento em uníssono, dá com as  duas mãos sobre o espinafre. Que cena!! Todos enlameados daquele musgo  verde... escorrendo... por narizes e bocas... O bebê tava feliz, achando tudo o maior barato... Nos anos que se seguiram nada mudou. Nada mesmo. As verdes estátuas selvagens continuaram ali prostradas, conformadas, tempos  a fio. Só a empregada se rebelou. Aceitou uma antiga oferta de emprego e se mudou


 


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