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JANELAS DA NOITE

Janelas arregaladas
 inocentes vidraças
       escancaradas
      para a noite.

Casualmente caladas
 — Quase silêncio —

Janelas da noite:
    — vazias —
 se oferecem agora
    à contemplação
na tanta madrugada

      Fria beleza
      da divagação

Quantas luzes cintilando
na cidade desenhada
        sobre edifícios.

Quanta madrugada
sobre a qual o céu se apaga
    desestrelado.

Atrás das densas
camadas das nuvens
disfarce da
         noite
esbranquiça o céu.

É noite suavemente
este momento.
Esta seqüência de
pe-
     -da-
 -ços
O tempo, um a um
fragmentando a existência.

Enquanto o céu se propaga
pela amplidão
a noite que se alarga
foge-me
à razão
           nem sei se esquece,
    se morre
descresce, se me socorre

      Mas a noite cresce
      para alguma direção
       que desconheço

em frangalhos se prolonga
me fragiliza
       se despedaça
eu me despeço
Na demora das estrelas
que nunca virão
esta noite
(plena solidão.)

Não importa agora
em silêncio sou senhora
de minha ilusão

A densidade do céu
não impede à noite
ser suave.

Sou também sombria
quase a madrugada
silenciosa
      -mente fria
cintilância amarga
em demasia
                 Mas
Peso a mim mesma demais
além do corpo
e minha alma que desmaia
do esforço
de carregar
junto a si tudo o mais
que nem possuo
 

Pequenas luzes
cintilam-cintilam

— Eu silencio.

Nuvens
se desfiam pelo céu
Suavemente me angustiam.

Pela cidade que desfila o céu
a noite impera o seu cicio
de luzes a cantar o brilho
do dia que se foi
             cinéreo estio.


 


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