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Ostracismo em noite de Thanksgiving

A derrapagem na pequena curva da rampa,
entrada para a 1316 Nancy St.,
torna-me subitamente ao zelo
de não pisar no freio.
Condicionada puxo a chave da luz alta
e volto à realidade.

Com o pensamento entretido
à polêmica na ida, indubitavelmente,
no solitário caminho da volta,
absorvi-me entre os prós e os contras,
não dera conta da chegada rápida,
depois de uma ida, propositalmente demorada.

Estranhei minha porta.

A derrapagem trouxe-me a mim
e junto a lembrança de verificar os pneus
para mais este inverno que começa,
já tão rígido,

Ao farol alto agradeço
o espetáculo natural vislumbrado.
Agora não encontro palavras para recriá-lo:

Tenho a rampa curva na noite,
o alambrado marrom do pórtico,
caules imensos de carvalhos emoldurando
in loco uma posição exata.

Mas não chegaram as palavras definidoras.

Quem sabe na pintura retratá-lo-ia.
Não nas aquarelas por serem foscas.
No óleo não saberia retratar as transparências.

Granizos, gotículas de cristais:
iluminados, o chão os absorve.

Úmida e unida ao contexto não o penetro.
são as variantes deste complexo,
como enxurradas,
levando e deixando as amenidades dos caminhos.

Exausta persigo os muralistas em vão,
não os conheço a todos.
Diego de Rivera ressalta as cores vivas,
traços firmes da gente de Zapata.
Não existira momentos
para instantes vagos e prateados.

Picasso galgou em cores celestes contrastadas
com a grande miséria na terra.

Di Cavalcanti,
hipérbole das cores num mundo gordo.

Ah! mas o que procuro
são as cores pálidas e transparentes,
distintas à espera
que um outro corpo as retrate.

Cortina de granizos
que me divisa com o céu.

E as estrelas dormem
na noite de Ação de Graças.


 


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