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Recuso

Recuso a pompa fúnebre
Não quero velas
nem choros de carpideiras;
esqueçam a fita amarela

Deixem de lado a saudade
e todas as saudades  -  flores
dores   -   dores   -   dores.
Nego o funeral e o enterro

Lamentos de quem ficar...
Ouvidem o asco mortuário
mortalha   -   anjos sem asas,
atuais ataúdes desprotegidos

Coveiros de cemitérios
cortejo, carneiras,
caixas de paredes brancas,
epitáfios de adeus eterno

Não quero luto de adorinhas
tampouco preto de urubu;
canto triste, fim de tarde,
noite escura como breu

Sepultas sepulturas sujas
soberbas decomposições
Recuso a pompa fúnebre
Quero, sim, a  VIDA!


 


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