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VALISE

Não ansiei publicar meus dejetos
guardados na valise a que chamo poesia.
Mas quis a vida que assim o fosse,
transformando-me em arrumadeira
de minhas próprias metamorfoses.

Não desejei levar além do espelho
as notas cantadas e as dores partidas.
Mas quis o tempo que assim o fosse,
e, me pondo a escrever como doida varrida,
modifico o tempo em compotas de doce.

Não quis que meus apelos no silêncio
fossem soar em outra freguesia.
Meu quarto, minha bacia de almas,
guardou para si minha eterna cantoria,
mas hoje escrevo a pena à caneta,
sem ter pena da morte morrida.


 


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