página diária dos participantes da nossa lista de discussão literária
 
fenda láctea

sentindo a transparência quente da tua sombra em mim
celebro o teu retorno num claro-escuro que me rende
desato então os nós frágeis de meus medos
abro passagem pros teus atos em forma de dedos
e com a alma alada em teus desejos te recebo

deixo que me leves em teus descaminhos
expostos na geografia do teu corpo que percorro
enquanto num prazer refletido em suspiros
te contemplo, fingindo que o amor é distraído

tudo vibra e palpita abalando a vigília e o pensamento
na cena antes imóvel, a dança da pele e o canto das línguas
conjurando emoções encarnadas em fogo e sangue
vôo desembocando em corpos bêbados e  borbulhantes
espetáculo inaugural dos que se tornam amantes

inquietude densa
e arfamos na travessia dos nossos gestos


 


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