fenda lácteasentindo a transparência quente da tua sombra em mim
celebro o teu retorno num claro-escuro que me rende
desato então os nós frágeis de meus medos
abro passagem pros teus atos em forma de dedos
e com a alma alada em teus desejos te recebodeixo que me leves em teus descaminhos
expostos na geografia do teu corpo que percorro
enquanto num prazer refletido em suspiros
te contemplo, fingindo que o amor é distraídotudo vibra e palpita abalando a vigília e o pensamento
na cena antes imóvel, a dança da pele e o canto das línguas
conjurando emoções encarnadas em fogo e sangue
vôo desembocando em corpos bêbados e borbulhantes
espetáculo inaugural dos que se tornam amantesinquietude densa
e arfamos na travessia dos nossos gestos