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RUA AUGUSTA

Tem apenas vinte anos
corpo de menina, cara de mulher
Boca mais vermelha que o próprio
sangue; o cabelo nãoo é liso,
se encaracola como um fino arame

O futuro não tem jeito
muitos desencontros
tantos desafetos
Navalha afiada a arranhar o vidro
— uma vida dessa já nem tem castigo

Nas calçadas muitas luzes
carros param, olham
e, às vezes, buzinam
Querem sempre pouco preço,
mudo gozo e satisfaçõees  infindas

Na boca tem pouco dentes
homens destruíram muitos
com os seus prazeres
O sorriso é um tanto falso
como assim também são os seus dizeres

Entra novo ano e sai ano gasto
todo dia o mesmo dia, a mesma angústia;
de presente não tem nada  —
— o futuro pobre nem a assusta
e ela vai rondando pela Rua Augusta

                                                                Fernando Tanajura Menezes


 


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