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  FRANKENSTEIN EM PEDAÇOS

  Sou um Frankenstein em pedaços
  feito de madeira osso
  pele plástico cacos
  cacos de vidro história fomes
  fome de vida
  fome de caos!

  Sou um boneco prisioneiro da criação
  de mãos armadas que me limitaram
  de dentes que roeram a cerca de meu pasto
  que me cercaram de glórias e fios elásticos
  pronto pra flutuar no espaço!

  Sou um herói da vida marginal
  Sou sem fronteiras sou natural
  Sou o espinho da roseira
  o cheiro de terra natal
  Sou o espírito de lei seca
  Sou um ente medial!

  Meu regime é carne e sangue
  Engulo os olhos pra ver a pirâmide
  o mistério que se esconde atrás da janela
  Perturbo a vida de quem me criou
  de quem me renega

  Sou um fantasma da vida
  que nasceu do acaso
  que se fez de pedaços
  que juntou os seus cacos
  e os de todos os outros
  pra roer os ossos
  de todos os desgostos!

  Sou a alegria da pele rasgada
  Sou a dúvida que se debate na memória
  do que foi e do que é sem história

  Sou a história de todos
  a lenda dos povos
  os mitos e os desmentidos
  Sou o que está escrito
  e o que não foi falado
  Sou o facínora da busca
  Sou o grito!

  Meus sonhos joguei em vala pública
  Tenho todos os sonhos
  e ilusões dos que dormem
  Sou o fogo que queima e o que consome
  Sou o canto das sereias que mata os afogados

  Tenho todos os braços no meu braço
  todas as mentes em minha mente
  todos os olhos atrás de meus olhos
  todos os ouvidos em meus ouvidos
  Tenho todo o sangue do mundo
  em meu ritmo de cordas mudas
  arritmia noturna e canção de galos ao despertar

  Sou o Frankenstein das Metáforas
  Eu sou da noite o luar!

                                                         Rosy Feros


 


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