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OUTROS MISTÉRIOS

Quem sou?
Que penso eu?
Porque insisto em escrever
meu sentimentos frouxos?

Nesse final de tarde
o que importa o que foi ao dia?
A noite sem piedade chega
com promessas de papolas obscenas
a prescrutar silêncios em árvores em ruinas
Nos rios da minha alma
margens longas se alargam com medo
em infernos já vividos

Cozinho meus sonhos
em panelas quase rotas
que destilam desejos abandonados
A música quente, talvez do Caribe,
longe,
fere meus ouvidos
sem desvendar, no entanto, outros mistérios

                                                                      Fernando Tanajura Menezes
 


 

Fim de tarde.
Insinua-se
a não-luz
pelas frestas da janela
entreaberta
apenas pressentida
num horizonte
qualquer
- longe -
 

Que faço eu
do vazio
que escorre
rio seco
que se ilude
em caudalosas
águas-nada
e finge que
me afaga
e me arrasta
e me afoga
sem nunca me afogar?

Que faço
eu
neste
vazio?

                        Márcia Maia


 


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