página diária dos participantes da nossa lista de discussão literária

Parece loucura. Uma semana após uma grande amiga e poeta (sara fazib) perder o avô, é minha vez de lamentar a perda de minha avó. No sermão, o padre disse que a melhor homenagem que poderíamos dar a ela  era uma oração.Bem... fiz a minha...
Abraços a todos, a vida segue, agora, com um pedacinho a menos.

Anderson

 
Sono e sonhos
"Morfeu devia estar dormindo
 quando permitiu que Teleute embalasse
 teu último sono"
Serena vai de encontro aos que te esperam
passarinho
cansou de caminhar co'as próprias pernas
e hoje voa
pra longe do alcance dos olhares
pesarosos
que velam, que te guardam, que te choram.

Nas mãos de quem ficou restou o aceno
esquecido
na face o beijo doce, os lábios trêmulos
carinhosos
em mim a tua voz, o teu afago
"meu netinho"
em cada um de nós teu coração.

"Morfeu devia estar atento
ao não permitir que Teleute levasse
de nós os teus sonhos"

Anderson Santos

caro anderson,

sei bem como é. junho apesar de ser meu mês de aniversário e que adoro, também me traz recordações doloridas... no dia 13 de junho, aniversário de morte de minha vó paterna (amélia — com quem aprendi a gostar de flores e beija-flores, de gado e cavalos; ela era fazendeira e amava tudo o que tem a ver com criações); e no dia 16 de junho, da minha avó materna (benedita — morava conosco e eu dormia com ela de criança; era um encanto, era mais que avó, era meio mãe, companheira de minhas introspecções, parceira de cartas...com ela aprendi amar os gatos). enfim, parte preciosa de mim que so tenho na  memoria.
nao fique triste, porque com certeza sua avó quer você lembrando das coisas boas que fizeram juntos.
abracos,

urha


 

Olá, Urha! :-)
Que lindo retrato que você pintou de sua relação com sua avó! Quase uma história visual.
A oração de Anderson também ficou linda..
Falando em orações, coloco aqui uma que fiz, à minha moda, para minha avó paterna Nieves.
[ ]s poéticos,

Rosy

                 AVÓ-CIRANDA

                 Minha avó é cadeira de balanço
                 a cavoucar minha memória.
                 Avó-ciranda, que pensa em bandas
                 enquanto acalenta crianças.

                      Avó cheia de estrada,
                      avó cheia de ciranda.

                 Avó-cântaro, que extrai leite das vacas
                 e dá de beber a quem tem sede.
                 Avó-cesta, que escolhe batatas
                 e prende no véu as madeixas.

                      Avó cheia de estrada,
                      avó cheia de lágrima.

                 Minha avó-ciranda,
                 que cheira a batatas e a leite,
                 é mulher-coruja,
                 nascida das raízes do carvalho.

                      Avó cheia de estrada,
                      avó cheia de orvalho.

                 A avó que em mim dorme
                 embala a menina que ora canta.
                 Minha avó desperta a dor
                 de eu ser minha própria criança.

                                                                          Rosy Feros

 


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