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Mariza Lourenço inventou o "pãe" (fusão de pai e mãe)... Vai daí...
 

De pãe e pão

Já que afinal todas somos pães,
proponho:
falemos cada uma de um pão,
do pão que somos e... do pão do
sonho.

Quanto a mim, ainda que me vejam
talvez um provençando, gordo de
miolo,
ou um recheado pão italiano
sinto-me assim um tipo ...croissant!

Já o pão que prefiro e que eu amo
(além do mineiríssimo, de queijo)
é o salgadinho, longo, bem crocante,

a ser comido quente, com(o) um
beijo...

Se a fome aperta, importa o tipo
não,
desde que tenha um sensual sabor,
que é sonho eterno de uma pãe
(rubor!)
saborear de novo um belo pão!
 
Maju Costa

Para Emi. Márcia e Marize

De sonho, sou o italiano
redondo, crocante,
dura a casca, mas o miolo,
— ah, o miolo! —
branquinho e delicioso
compensa todo o esforço
desta e de qualquer outra
vida
que porventura exista.

Se em Roma, então,
não tem pãe
que resista!
 
Márcia Maia

E vamos nessa, amigas... falando de pães e de pãos (brincadeirinha, pra não perder o costume... rssss) e por que não, das mãos? aquelas que amassam a massa, dizem que sovam, mas sovar me lembra coisa ruim, tipo bater na massa, aí não dá, o pão encrua... pão sola também? que nem bolo?
Bem, mas falemos de pão, aquele nosso de cada dia. Que a gente acorda cedinho pra buscar na padaria da esquina e aproveita, tira um dedo de prosa com a dona Marta, que em casa. Enquanto o pão esfria no saco, dona Marta continua falando e a gente deixa... deixa, afinal, ela só tem o Benedito. Coitada.
E já que nos atrasamos, o dedo de prosa durou mais do que meia hora, o jeito é pegar um naco daquele pão cascudinho e ainda quente colocá-lo na boca e calmamente observar as flores do jardim do seo Norberto, homem sisudo e cheio de cerimônia pra tratar a vizinhança. Viúvo. Mas some todas as quintas-feiras e só volta no dia seguinte, com ar de quem apostou no vermelho e ganhou. E enfim, o lar, os filhos, o leite fervido e a manteiga. Com sal, faça-me o favor!
O pão? ah!... pode ser qualquer um: francês, italiano. O que importa, é o ritual. A dona Marta, o seo Norberto, as flores e meus filhos. Claro, a manteiga é importante também.
 
Mariza Lourenço

 


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