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Furto de Uso

Na mão esquerda, tatuou o sol.
Com a direita, me furtou todos os cheiros.
Ingênua, da pilhagem, não fiz caso,
deixei-me conduzir, feito cordeiro.
Permiti que me enterrasse o cajado,
Cúmplice no descuido, foi alto o preço.
Hoje, uivo de dor, arrependida,
ajoelho-me, penitente, me consumo.
E que me perdoe, o céu, tanta blasfêmia,
mas ainda ardo, desesperada, de desejo.

                                                                    Mariza Lourenço


 


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