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A OUTRA

O batom que deixei no teu corpo
É o perfume da outra, bem sei
Eu não sei se a outra é a outra
Ou se eu sou a outra também

Os momentos que passas comigo
Você diz que precisam existir
Já suspeito que tem outra contigo
A verdade, bem sei, há de vir

Nessa dúvida eu fico instigada
Só querendo saber que há de vir
A verdade, sim ou não, magoada
E esta angústia do meu peito há de ir

Se sou outra, quem será a primeira
a embolar muito mais na esteira,
muito mais do que eu ou a outra
ou se eu e uma outra também?

Fernando Tanajura Menezes

A OUTRA

inspirado no verso do Fernando

Ser outra é fato interessante
Depende do referencial
Para a esposa, a outra é a amante
Pare esta, outra é a que usa avental
Na verdade, as duas são outras
Ambas estão incompletas
E vivem ilusões concretas
Uma acende o fogão
A outra acende a cama
Uma acelera o coração
Outra da inflação reclama
Uma diz que lhe dói a cabeça
Outra nunca sente dor
E o pobre homem sempre balança
Entre um e outro amor
E eu em meio a isso tudo
Sou as duas e outras tantas
Se por um lado há conquista
Por outro isso espanta
Tantas mulheres numa só
Afinal quem serei eu?
Santa e ingênua de fazer dó
Vulgar que a todos pertenceu
Mãe, esposa, avó...
Ou viúva de quem nunca morreu?

Lou de Olivier


 


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