página diária dos participantes da nossa lista de discussão literária
RETRATO DO BRASIL QUE AVANÇA EM PAZ
Trecho do texto de Antonio Avellar, veiculado na lista por Marlene Andrade Martins

"A ironia, o deboche, a insensatez, o cinismo e a mentira parecem que definitivamente se incorporaram ao programa estatutário do PSDB, partido que tem como sua primeira estrela o próprio presidente Fernando Henrique Cardoso. Explorar os slogans acima nos meios de comunicação de massa, como vem fazendo aquela agremiação partidária, no sentido de terra do "progresso" e "paraíso", ou é obra de ficção, ou é, realmente, puro descaramento, desprezo e um acinte à triste realidade do povo brasileiro e ao País, que a cúpula tucana e sua base de aliados governam há quase uma década".

Marlene,

         RETRATO DO BRASIL QUE AVANÇA EM PAZ

         Não sei se fico triste, desiludido ou derrotado
         Nem sei mesmo se choro, esqueço tudo ou me alieno
         Na alma bate um frio e fico mais amargurado
         Só sei que neste mundo o vão cinismo é puro e pleno

         Simples descaramento e orgulhosa insensatez
         Jogam com muitas vidas e essas mesmas vão à sorte
         Sem se importar que o Homem tenha sina, tenha vez,
         Assim rebentos novos não têm jeito, encontram a Morte

         Assustam esquinas muitas e outras curvas, às centenas,
         E maquiamos tudo como se fosse uma calmaria
         Com Eros virulentos, com Adônis e Helenas

         Será que é necessário viver tanta baixaria?
         Ver tudo abismado num estado de demência?
         Existe outro caminho que não seja violência?

Fernando Tanajura Menezes

RETRATO DO BRASIL

Não sei ficar aqui omissa
E assistir ao caos de camarote
A vontade é de rezar missa
Pedir aos céus pela sorte

Sorte aos filhos na urna
Sensibilidade na escolha do homem
Consciência - firme e pura
Prudência na escolha do nome

Nome de Pedro, José e João
Do batismo, da água benta
Salvai-nos, anjos, o ganha pão
Essa fome que não mais agüenta.


Andréa Abdala (na carona do amigo Fernando)

Brasil baronil ou feito de propósito

minha filha desenhou
uma flor verde-amarela
e diz que a flor é brasileira
nos muros as frases
as pichações com erros de português
com sinceras palavras de ordem
caminhar
lutar
perder
ganhar
ou quem sabe empatar
como diria Rita Lee e o mutantes
 

O Brasil
o ame ou deixe -o
os poemas de elegia
os atos
os desacatos
os meninos que correm em hordas na praia
os policiais
a eterna briga entre o bem e o mal
ainda assim resistirá a flor
pintada com lápis de cera
brasileira
como qualquer outro símbolo
como o rios
montanhas
campos de cerrado
como os operários que jogam futebol no mormaço
como os pequenos agricultores
como toda a gente que resiste.

Flávio Machado

 
Brasil...

Tempo louco que vivemos
Sem saber do futuro
Se na paz venderemos
Ou, para sempre, só escuro...

Vida contrária a que sonhamos
Num universo em chamas
Não temos quem amamos
Outros se deitam em nossas camas...

Máquinas param de funcionar
Trabalhadores vão-se embora
Desfaz-se a força para lutar
Para o bem de quem os explora...

Sobe e desce dos palanques
Dança em eterna harmonia
Arrasta o povo, suga seu sangue
Na brincadeira da politicaria...

Bons livros empoeirando-se em prateleiras
Esperam pela platéia selecionada
Em meio a um bando de asneiras
Elegem-se reis e rainhas do nada...

Se outros mundos e u visito
Tudo em ordem, sem igual
Sinto pena dessa país
Decadente, em eterno carnaval...

E, se a rima me ajuda
Penso montar um grande musical
O tema: Deus nos acuda!
Elenco da beira do lamaçal...

Reunirei todos os desistentes
De todas as áreas e afins
Será a produção independente
Dos rejeitados tupiniquins...

Em letreiros coloridos
Veremos, finalmente, nosso nome
Expondo nossos sonhos doloridos
Ao público que passa fome...

No cartaz, escrito em anil
Ao público que lê meio tonto
Assistam todos: Nossa terra Brasil
Patrocínio: Lojas passa-se o ponto...

Lou de Olivier

Fernando, Flávio, Andréa e todos:

Que avance em PAZ

É preciso que saibamos
em quem pedras atirar!
Nada de olho por olho,
nada de dente por dente!
Vamos trazer a cultura
e com ela educação,
e ensinar nossa gente
como se planta o feijão.
Não precisamos buscar
feijão em outra nação.

Arrumada a nossa casa,
pro nosso próprio conforto,
e dizer um não àqueles
que querem jogar seu lixo
dentro da casa da gente.

Dispensaremos modelos!
Modelos sob medida
tiram-se no nosso corpo.
Só é preciso aprender
como tirar as medidas.

E sem "cavalo de tróia",
agora, José, agora,
nossa arrancada começa,
não fuja no seu cavalo a galope.
Encoste o cavalo e apeie,
vamos limpar esta terra
de tantas ervas daninhas.

É preciso que saibamos
em quem pedras atirar!
Nada de olho por olho,
nada de dente por dente.
Dois passos adiante,
um atrás,
de frente se chega lá.

Marlene Andrade Martins

 


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