© ilustração: Mariza Lourenço
ESCREVENDO O PAPIRO Sentei-me à beira do silêncio
Uma velha árvore de galhos em riste olhava e sorria para mim,
talvez imaginando que tudo o que eu queria ler e escrever
já havia sido escrito, dito e lido por muitosTirei o selo
Com minhas mãos tranqüilas
comecei a desenrolar a preciosidadeMedo, amor, desejo, desespero, esperança, carinho,
lâminas afiadas a cortar a carne e partes da alma;
anjos rebeldes, vôos imaginários, sonhos, magia,
sobretudo muita magia e inspiração de poetasSorvi um pouco do vinho que Baco me oferecia e
vi lutas, chegadas e muitas despedidas em tristes adeuses
O trabalho diário de muitas pessoas me ensinou
que qualquer sonho pode ser alcançado com uma virtude:
a presistênciaAssim li o número um, o dois, o três...
Vi que tinha também ajudado a escrever algumas linhas de outros tantos
Inspirei-me em alguns, inspirei a uns outros
Relembrei um provérbio antigo: a união faz a forçaNão tive dúvida que a harmonia,
mesmo às vezes discordando de pontos de vista,
não deixa espaços para guerrasFui lembrado do que eu mesmo falei, que
às vezes, a gente tem que enfiar o pé na lama para chegar ao destinoChegamos a um destino?
Ainda não
Estamos apenas escrevendo os nossos pensares
numa longa estrada aberta para ser lido por muitosLevantemos a voz com orgulho
Digamos para o mundo que escrevemos o Papiro Eletrônico nº 100!Fernando Tanajura Menezes