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ESCREVENDO O PAPIRO 

Sentei-me à beira do silêncio 
Uma velha árvore de galhos em riste olhava e sorria para mim, 
talvez imaginando que tudo o que eu queria ler e escrever 
já havia sido escrito, dito e lido por muitos 

Tirei o selo 
Com minhas mãos tranqüilas 
comecei a desenrolar a preciosidade 

Medo, amor, desejo, desespero, esperança, carinho, 
lâminas afiadas a cortar a carne e partes da alma; 
anjos rebeldes, vôos imaginários, sonhos, magia, 
sobretudo muita magia e inspiração de poetas 

Sorvi um pouco do vinho que Baco me oferecia e 
vi lutas, chegadas e muitas despedidas em tristes adeuses 
O trabalho diário de muitas pessoas me ensinou 
que qualquer sonho pode ser alcançado com uma virtude: 
a presistência 

Assim li o número um, o dois, o três... 
Vi que tinha também ajudado a escrever algumas linhas de outros tantos 
Inspirei-me em alguns, inspirei a uns outros 
Relembrei um provérbio antigo: a união faz a força 

Não tive dúvida que a harmonia, 
mesmo às vezes discordando de pontos de vista, 
não deixa espaços para guerras 

Fui lembrado do que eu mesmo falei, que 
às vezes, a gente tem que enfiar o pé na lama para chegar ao destino 

Chegamos a um destino? 
Ainda não 
Estamos apenas escrevendo os nossos pensares 
numa longa estrada aberta para ser lido por muitos 

Levantemos a voz com orgulho 
Digamos para o mundo que escrevemos o Papiro Eletrônico nº 100! 

Fernando Tanajura Menezes

© ilustração: Mariza Lourenço

 


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