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O primeiro papiro a gente não esquece

De certas coisas não nos esquecemos, em especial  daquelas que estabelecem um ponto de partida ou estréia para algo importante em nossas vidas. É o caso do "famoso" primeiro soutien, do primeiro beijo, da primeira transa e, é claro: do primeiro papiro.
Quando fui convidada a participar da Mixagem Literária, pensei:
"Jesus, Maria e José,... danei-me. De que forma devo participar? o que posso e devo colocar para apreciação numa lista desse nível?".
Vaculhei meus escritos em busca de algo que não me fizesse passar vergonha. Não achei, tudo me parecia muito ruim e primário, na verdade, bobagens escritas por uma advogada metida a escritora.
Meu papiro de estréia, ou primeiro, como costumo chamar, foi o de número 66. Postei um poeminha meio besta, doida para que não o notassem. Pois notaram e, se não me cobriram de elogios, foram todos delicados, o que, contribuiu decisivamente para a minha permanência na lista. 
De lá pra cá, tantos foram os papiros e as teimosas incursões no mundo literário que já me esqueci do medo da não-aceitação. 
Não existe outro espaço onde me sinta tão livre para ousar, sempre, absolutamente convicta que, todos aqueles que me leem e gostam, o fazem da mesma maneira: livre.
Porque é isso que verdadeiramente interessa e faz parte de cada papiro, carinhosamente compilado entre os escritos postados na Mixagem. Muito, mas muito além do dom que, naturalmente, todos possuimos, existe respeito à liberdade de criar.
As comemorações em torno do 100º Papiro, mais do que justas, evidenciam o desejo comum de se levar adiante, algo que, para todos é tão caro: a literatura.
Era minha intenção fazer um poema bem bonito e que combinasse com os outros - maravilhosos - enviados à lista, mas ando rebelde demais, com vontade de assumir defintitivamente minha porção cronista. 
Aqui eu sei que posso.
Parabéns, Leila, Urha, Fernando, Rosy, Anderson, Andréa, Cida, Civone, Eliane, Flávio, Ivy, Kelly, Leila Cristina, Lou, Maju, Marc, Márcia, Emi, Marlene, Renato, Ricardo Alfaya, Ricardo Veloso, Sandra, Tamara, Tchello e Ygor Raduy. 

Mariza Lourenço

© ilustração: Mariza Lourenço


 


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