página diária dos participantes da nossa lista de discussão literária

o universo expectante

I
lâmpadas acesas.
excursão labiríntica para além das sete luzes de mercúrio. um furo na noite nos conduz ao improvável. e cabe a nós um hábito e uma  cisterna. um cadafalso onde estancamos ímpares. descida ao mistério dos  grãos de loucura. planamos sobre o terminal que é onde as almas vagam e as  flores perduram. quando cada limite tênue é suturado e repartido até se  tornar transparente e quase inexistente. com clareza então, nos aproximamos  de um templo sublime e pardo. maravilhadas preces deramadas, acordes  fabricados com minúcia. depois quando a luz diurna revelar o nunca visto, o  entre pernas, um espinho há de calmamente atravessar a carne. como arde o  meu tendão antigo, como dura essa visagem. liderados por um par de najas,  decididos a redescobrir a vida ingressaremos puros no inferno. um espaço que  vai do teu celibato ao meu desregramento, um hiato que nos atravessa.

II
(no entanto o pânico de estarmos vivos e ardermos nos intensifica. na casa de pedra desvendamos o corpo e sua divindade.)

III
fermento para as dores da alma, alimento para um cão feroz. prepara-te e junta tuas armas que agora é tempo de encontrar a vida. e no interior da vida, como uma obscura lagarta, nos espera a morte. parede cheia de cacos, verão adicionado ao gosto da respiração. com suor construimos a toada, a toada cresce e petrifica um céu. jornada derradeira em direção aos vãos do estar silente. num campo de levitação, a glória de possuirmos um corpo e farejarmos o corpo do outro.


Y.

 


« Voltar