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Fruta

Não tenho sentimento estanque,
nem fúria que não se acabe,
quando me dou é de corpo presente,
com a alma abocanhando de tudo.
Não tenho língua educada
pra falar de amores miúdos,
em mim trago o cheiro gostoso
da morena — de Jorge — e da fruta.
Não tenho pé de princesa
pra freqüentar salão de beleza,
sou mulher cheia de graça
que — nas ruas — samba descalça.
Não tenho roupa bonita,
nem fineza de moça estudada,
meu gosto é de flor com moqueca,
no meu ventre é que começa o mundo.

                                                            Mariza Lourenço


 


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