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INSÔNIA

Outra noite sem dormir:
mexo e remexo na cama
estudo cárdio, em inglês,
em vão.
Três e meia.
Ligo o rádio:
Stella by Starlight
Meu mundo caiu...
(e no meu, todo mundo dormiu,
menos eu...)
love is now the stardust of yesterday...
Ai que saudade do meu amor louco
louco e bom.
Será que saudade dá sono?
Busco os rostos dos grandes amores
seus gestos deliciosos
e os dos pequenos também
e os dos que quase nem foram amores
que amor é feito bicho, gente, planta
tem de todo tamanho.
Mas não dá sono.
Quatro e meia.
Beber água.
Relaxar como os orientais:
oooooooooommmmmmmmm.
Contar carneirinhos: um, dois, três...
Talvez aproveitar pra organizar a vida.
Deve ser isto!
Quem tem insônia tem mais tempo:
- pagar o inglês dos meninos
- marcar o dentista
- chamar o encanador que o cano da cozinha...
Que saco!
Cinco horas: manhã da saudade.
Não sabia que Chico já era saudade.
E Edu também...
Eles são tão moços...
Ou será que envelhecemos e eu não percebi?
Pode ser, velho dorme pouco.
Que sono...
O telefone:
Bom dia, senhora, é o seu despertador.
São seis e quinze.
Logo agora que eu tinha conseguido...
— Acorda, Lourinha
— Acorda, Tiquinho
— Olha a hora da aula.
— Cuidado pra não acordar seu irmão.
Estou horrível...que olheiras!
Mas, hoje eu durmo.
Não, hoje tem plantão.
Pelo menos é uma desculpa...
Mas, de amanhã, não passa.
Espero...

                                                    Márcia Maia


 


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