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Exausta

Calem.
Calem o tempo,
que despenquem do céu
todas as estrelas,
que me encharquem a pele
todas as línguas,
engolidos sejam,
meus espantos,
violados,
meus sonhos mais insanos,
que me abracem todas as ondas,
cavalguem-me, sem dor, as marés,
e que, sob a minha vulva,
mostre-me o mar,
toda a sua fúria.
Silenciem.
Silenciem as horas
porque estou faminta e exausta.
Deixem que desabe
em qualquer colo,
o despudor, vermelho,
do meu corpo,
deixem
que eu verta todo o sangue,
chore todas as lágrimas,
ria, trema e goze.
Deixem-me
porque hoje estou faminta
e
exausta.

                                                 Mariza Lourenço


 


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