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SAL DA TERRA

Deixo-te morrer em paz
Descansa no sono dos justos
Mas peço-te: - Antes,
ama, ama, ama...
Sorve até a última gota!...
Ama que o Amor é divino!

Entre duas guerras, vive uma vida linda
sem medo dos desamores
Desfila por este mundo vestida de Afrodite
empacotando teus desejos com sedas
e rendas puras para mancebos
de fino trato, enfetiçando o retrato

Quando encontrares o Amor,
deixa-o deslisar seus dedos
entre mares e montanhas do teu corpo
Deixa que te possuam em frêmitos
ao som da Pastorale de Beethoven
Te entrega como se fosse esse o último momento

Ama de todas as formas
que nem Florbela amou
Destila palavras doces em tua poesia
em tantos versos, rimas e marfins
Encarna em ti os poetas que
em outros tempos só cantaram o Amor

Mostra que és o Sal da Terra
entre gemidos, pruridos e outros ais,
queimando incensos e mirras
dispostos em bronzes e cristais
Deixa que o aroma dos jasmins
se confundam com os das rosas e dos laranjais

Deixa que o ouro, as pérolas e as esmeraldas
enfeitem teus dias de felicidade
Que o brilho da luz da lua com
todas as luzes do ilumindado sol
reflitam imagens inolvidáveis
a qualquer tempo - como um eterno arrebol

Que Baco te sirva o vinho
dos melhores que dá uma safra
e que a música do oriente te enfetice,
te enrijeça, te seduza e te adentre,
soltando teu corpo em febre,
em doce dança do ventre

Depois de tantas entregas e mortes
com desassossegados consortes,
ressuscita com o mais puro Amor
e descubra que na sombra de uma velha árvore
muitos ainda procurarão o alento, o prazer e
o carinho de um momento de solidão

                                                                        Fernando Tanajura Menezes


 


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