Feriado Nacional
Nasceu de dois e três
Brotaram boruns
Curumins, ipês
Fez-se tribo
Nações tupi-
guaranis.Os laços
Construídos
Elo pra sobrevivência
Caça, pesca, rito
Inimigo abatido.
Competir, dividir.Chegaram mais
Velas ao vento
por aqui ficaram
Intitularam o tempo:
Descobrimento.Vieram outras
Naus- desterro
Do continente negro
Segredos, mandingas
Trabalho, sofrimento.
Slave.Um grito
Post scriptus
Independência ou Morte!
opção obtusa
pela morte.Muitas naus
Trazem mais braços
Ansiosos pela terra
Nostra?Muitos gritos:
Viva a República!
Cousa nossa?Minha terra tem
Cento e onze presos
Carandiru!
dezenove carajás
latifúndio, palmeira
políticos marajás
formiga, saúva
saúde?Minha terra-
Terra de números-
grita: Independência!Minha terra-
Terra- Satírica -
pede: Clemência!Minha terra-
Terra de espera-
temos: Urgência!07/09/1999
Cantiga Tupi
O sol quente, a pino, não me amolece
a chuva, fina, insistente, não me esmorece
mas tem um vento quente que me entristece
o vento Noroeste...
Vento que carrega e fustiga minha pele.
Vento que enche minha boca de poeira.
Vento que anuncia besteiras, maus presságios.
Vento trágico que me provoca medo atávico.
Vento que me torna ensimesmada,
sonolenta, desencantada da vida,
aflorando as tristezas escondidas....
Quando os portugueses aqui chegaram
Soprava o vento Noroeste
Os Caraíbas anunciaram:
esse é o tempo em que padece
o homem, a terra, a vida, as crianças.
Tempo de se perder as esperanças.
Tempo para se manter na lembrança
de todos os negros dessa terra,
todas às vezes que apitar, o vento
Noroeste...
Frô (Maria C. Oliveira)