CIDADES BRASILEIRAS

Da Janela

Quando se acorda cedo
nesses tempos de inverno
pode-se alcançar
o despertar do dia
É tímido o sol, não urge
chega mais tarde
porém quando surge
atrás da Serra do Curral
há uma explosão de luz
cobre serra, prédios, vegetação
se descerra em manto
se conduz sobre os bairros
gera luz e sombra
forma um quadro móvel
natural obra de arte
que se vê em todo alvorecer
da janela

Capital Humanizada

Morar na capital
E sentir-me no interior
Morar na capital
E ser reconhecida
Reconhecer
As pessoas que passam
Pelas ruas

Cumprimentar e conversar
Perguntar pela saúde da avó
Pelo rendimento escolar do filho
Dar notícias do senhor da esquina
Que passou mal
Mas já melhorou

Morar na capital
E encontrar a casa dos amigos
Sem saber o número ou
O nome da rua

Morar na capital
E ter como referências
De localização
Um sinal ( mais que mapas e plantas)
Pessoas e lugares comuns:
Mercado, farmácia, banca de revistas
A lanchonete onde
Se faz suco de açaí
Próxima ao Banco onde o gerente
Se chama Jaci

Ainda é assim a BH dos mineiros
Que se recusam a serem
Engolidos e mecanizados
Na modernidade
Pela metrópole que cresce
Ligeira
Mantêm a cidade
A serviço dos seres humanos,
Faceira

       Maria Angélica Bernardes dos Santos

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