O CÉU DE CURITIBAQue céu! Prata e carmim. Que estrela d'alva, e aurora!
E agora o sol! E agora o dia! Ampla e sonora
Diz uma voz: Cantai! — Cantam a par e par
As aves, canta o bosque, onde almo nécta liba
O inseto, o rio canta... O céu de Curitiba
Me faz cantar.Que céu! Carmim e bronze. Entrou, radiante e imenso,
O sol. Hora é da paz, hora é de mirra e incenso.
— Orai! diz uma voz. Um sino plange. No ar
Anjos rezam, talvez. Em solitária riba
Cisma absorto um pinheiro. O céu de Curitiba
Me faz orar.Que céu! Ébano e fogo. A Natureza dorme.
Dorme a cidade. Eu só, diante da noite enorme,
Penso e sofro e levanto às estrelas o olhar.
— Sonha! diz uma voz, — ao que é mais alto arriba!
Que céu! Sossego e luz... O céu de Curitiba
Me faz sonhar.Alberto de Oliveira
Do livro: "Nova Antologia Brasileira" de Clóvis Monteiro, F. Briguiet & Cia Editores, 1961, RJ