MOSSORÓUm vento morno
de salitre e fogo
abre flores de sal
nos velhos muros
Esquálidos meninos macilentos
tangem bandos de cabras esqueléticas
e, sob um sol que queima
e um chão que abrasa,
desenham Portinaris na paisagem.
“Índio é terra que anda”
disse um poeta.
E eu vejo em tua gente,
retorcidas raízes, rijos caules,
e essa força que brota
de entranhas minerais
da terra calcinada, e se prolonga
em duras caminhadas.
Mossoró, Mossoró, predestinada aurora,
pioneira de lutas precursoras
castigada e sofrida sentinela
de históricas vigílias.
Um vento morno
de salitre e fogo
abre flores de sal
nos velhos muros
e lágrimas de dor
choram meus olhos
de saudade e de ausências consumidas.Beatriz Bandeira
Do livro: "100 Poetas de Mossoró", Fund. Guimarães Duque, Fund. Vigt-un Rosado, Col. Mossoroense, 2000, RN