CIDADES BRASILEIRAS

Ouro Preto

Uma demência rasa
frutificou em cada vão de porta
e só restaram balcões para os fantasmas.

Em cada rua
relógios sem ponteiros
pássaros tontos de tempo nos telhados.

O calendário nos poros das calçadas
renova procissões
e faz voltar os ventos.
Sobem dos bueiros
vozes de amores antigos.

                                        Adelaide Amorim

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