CIDADES BRASILEIRAS


BALADA DE PIRENÓPOLIS

Eu vinha vindo ao deus-dará
olhando coisas, vendo gente,
quando uma voz alegremente
       cantou o Pirinop-lá.

Era tão lindo o tralalá,
tão mavioso o seu gorjeio
que eu entrei logo em devaneio
       ao som do Pirinop-lá.

Pensei no céu, em Shangrilá,
na Ilha do Amor, no Paraíso,
quase perdi o meu juízo
       ouvindo o Pirinop-lá.

Mas essa voz, onde é que está?
de onde é que vem tanta doçura?
Ninguém conhece a criatura
       e seu Pirinop-lá.

Tempos depois ouvi: "Olá!".
Voltei-me a tempo e não vi nada,
só encontrei pela calçada
       o eco do Pirinop-lá.

Fui procurá-la em Corumbá,
nos Pirineus, na vizinhança,
nunca perdi minha esperança
       de ver a Pirinop-lá.

Por aqui , ali e acolá,
me lembro sempre da menina
com sua voz adamantina
       cantando o Pirinop-lá.

                   Gilberto Mendonça Teles

Do livro: ''Caixa-de-Fósforos", Editora Giordano, 1999, SP

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