CIDADES BRASILEIRAS

FANTOCHES

Os fantoches da rua Sete
Seguem cegos na procissão.
A puta diurna da Palma
Traz uma venérea na alma
E uma cova diária na mão.
Da Ponte Velha a secular ferrugem
Reticente ao trajeto branco da nuvem
Come o estrado, o arco, o vergão.
Os poetas esquecidos no beco
Transam sangue a trago seco
Dormem como trapos sobre chão.
Recife, musa, maldição
Cadela suja, traiçoeira
Seta certeira
Encantada cidade do cão.

                                   Francisco Espinhara

Do livro: Coletânea Marginal Recife - vol. 1 - Org. Cida Pedrosa, Miró e Valmir Jordão, Secretaria de Cultura do Recife, 2002
Enviado por Cecília Villanova Ferraz

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