SÃO PAULO NO ANOITECER
Ontem à noite na Xavier de Toledo
Dois indivíduos corriam atrás de um terceiro
Um guarda-chuva ousado se joga
Os dois homens alcançam o meliante
O guarda-chuva é agarrado com violência
Um soco no olho se segue a um forte aperto no braço
Olhos ferozes se cruzam
Um quarto homem aparece
Diz qualquer palavra, ameaça
Atravessam a rua
Enquanto um tapa seguido de uma rasteira
Afunda o meliante em desespero
Várias pessoas atônitas, sem saber o que se passa
No ponto acumulam se os ônibus
No Jaçanã, olhares desavisados
Alguns sorrisos, outro aproveita a câmera do celular
E garante o comentário amanhã cedo no trabalho
Um dos homens parece ligar para polícia
Enquanto o guarda chuva é arrastado para outras mãos
Cansados de esperar os dois homens agarram o ladrão desafortunado
Em direção ao Municipal em busca dos soldados
Três minutos depois a viatura passa celerada e incógnita
A fina garoa aquece os maus trapilhos indigentes
Que sem se darem conta do ocorrido, adormecem seus ossos
Encolhidos num canto seco da calçada.Dimythryus (Darlan Alberto Tupinamba Araújo Padilha)
Poema premiado no 1º Concurso Alace - Academia de Letras e Artes do CE, 2008