CIDADES BRASILEIRAS

PAULISTANIAS

I

E eu me pergunto
pelas avenidas
qual delírio ostentas
nesses céus de organdi...

Mágica palavra, aço-concreto
teu pulmão encarde.

Teis, etês, em dejetos
sucumbem.

Ó poeta, canta outras maravilhas!

 

II

Aqui nos defrontamos
com o perigo.
O mistério nasce
além do Jaraguá
enquanto nuvens de chumbo
anoitecem e penteiam
as franjas do caos.

 

III

As pernas abertas
e o vento.
No parapeito do quarto,
Piva e a papoula.

Viajando à noite
pelo nevoeiro,
o Anhangabaú não é um rio...

Gastas e cotidianas
prostitutas brilham.

Tamanduateí afora,
teus despojos correm.

                    Luís Avelima

Do livro: Maismequer, João Scortecci / Chico Moura Editores, 1986, SP

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