SÉ
No centro da praça
ciganas lêem a sorte
e o povo busca seu destinoUm velho homem escreveu
cartas de amor a dez cruzeiros
um bêbado à beira da morte
escarra pela calçada
onde trombadinhos vivem
sua porrada diária.
Dois operários deixam entrever
nos olhos que a luta
está apenas começando.Um poeta se levanta
e em meio a multidão
proclama:"A praça é do povo
como o céu é do avião"Touchê (Antonio Carlos Lucena)
Do livro: "Para latir na calçada", Sanguinovo, 1978, SP