FLOR/FIORENZE
Uma cidade que me maltrate
de beleza e Renascença
que me dante, beatriz-me,
ponte vecchia que me convença
que a travessia é semi-eterna
como a crença.
Águas do Arno, pedras de Carrara
que um anjo chamado Miguel
seminou com um cinzel
(os escravos desse anjo louco
vão se libertar da pedra
daqui a pouco).
Uma cidade que me aponte
Masaccio — e a emoção invada
as artérias do meu coração
como uma suave doença.
Florença.Nei Leandro de Castro
Do livro: Diário íntimo da palavra, 7Letras, 2000, RJ