Fado! Só fado

Lisboa
Não te incomodes
Comigo
Deixa secar as lágrimas
Anunciadas.
Em teu xaile preto
E mesmo que acordes.
Nos teus acordes,
Não tenho ais!
Mais,
Para trinar contigo.

Tirei a última lágrima
De saudade
Que escorria da varanda
Da minha viela
E reguei com ela
O vazo do manjerico
que o acaso
ou a esperança
me deixou à janela.

Porque é que sinto
Esta dor imensa
Que consome
E devora
O canteiro do meu corpo?

Não orvalha na cidade.

Deambulo!
Sai do meu peito
Um lancinante grito
Enquanto meus passos
Despeitam a noite.
Sou viola.sem cordas.
Canto aflito...
Castigo. sem pecado
Cais?!
Barco sem arrais!
Grito?
Fado! Só fado.

Lisboa
Não me apagues o que resta
Do cheiro a manjerico.

           Rogério Martins Simões

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