Tardes tranquilas.
Pôr do sol ao Tejo.
Me sento num Café.
Vejo a falta de pressa passar ao meu lado.
Vivo o presente parecendo ser o passado.
Aprecio o bom vinho.
Do Dão, Alentejo, Porto ou outro não importa.
Vejo as águas se misturando com o mar.
E o vento forte vem minha saudade levar.
Sinto que a tarde vai morrendo lentamente
anunciando uma noite ainda mais calma.
Desse mesmo lugar Pessoa definiu a tudo com tanta precisão...
E o rio corre suave, seu povo anda meio cizudo
mesmo sem ter muita razão.
Lisboa continua a mesma.
Calma, serena, bela e fria.
Até quando cinzenta traduz um brilho
Que a faz ser ela mesma,
A velha Lisboa,
pátria avó de nossos filhos.
José BenícioDo livro: "Pedaços Um", Blocos, 1999, RJ