The New York Company - downtown
Nem um poema sai
sobre esses prédios
sobre estas nuvens
cúmplices do cimento
e o espírito gelado desses homensNas tubulações a fumaça
não aquece nem disfarça
o mergulho raso nesses dias
à beira do Hudson
do World Trade Center
dos sandíches no Sacks
e as comidas empacotadas com a almaA ilusão esvoaça
nessa Babel de rostos:
chineses
japoneses
mexicanos
alemães
(americanos)
— em princípio reunidos —
não se vêem,
são peças de um cenário
dividido
no leitmotiv da pressa
no que não mastigam da existência
sempre "later", "in a hurry"
e a máscara da ordem
"don't worry"Polícias, buildings, papers,
removables notes,
Wall Street na mão
24 horas à disposição dos chefes
em qualquer cordial setor
das agências de banco
nos cafés onde o amor
é o último a chegar
e permanece
— ferida em aberto —
para o fim da vida.Também em Nova Iorque
queremos ser felizes pelo avesso... mas felicidade a esse preço
eu agradeçoSuzana Vargas
Do livro: Caderno de outono e outros poemas, EDUNISC, 1997, Santa Cruz do Sul/RS