OITAVA AVENIDA

Ah! Oitava Avenida, como te amo!

Como gosto de apreciar seu moviemento!
Carros que não param, luzes,
sendo dia ou noite.
Durante todo o ano as rosas
estão sempre expostas ali,
na "deli" perto da esquina.

Na primavera, então, o sol
bate nas flores e nas calçadas.
Se festa existe, está aqui..
Banhando o asfalto, a luz queima
caras de todos os tipos;
idades, já nem se contam.

O colorido é lindo:
o amarelo dos táxis,
o cinza e o vermelho
de imagináveis matizes.
Gostos que não terminamm
todos os sabores na boca!

Homens à procura da carne, tudo tem.
Se caminho mais um pouco,
vejo desfilar por mim
teatros, ruas ensolaradas,
árvores com flores,
compra e venda, lucros e perdas.

Olho pro lado oeste, o cais revejo,
de onde partem tantos navios
e outras saudades deixadas
em pedaços do coração.
O tango se foi, o blues, o jazz...
As músicas dos Andes também tocam aqui.

Outros navios chegam afoitos,
repletos de viris marinheiros,
famintos de novidades,
suspiros e todo o prazer.
Aí é gozo e luxúria até que
se ouça o apito pela última vez.

Ah! Oitava Avenida, como te amo
nas noites frias de inverno, gelo no chão,
gente correndo do vento,
outras saindo dos bares.
Quem dá mais para o corpo?
Quem dá mais para a alma?

Verão é quente, escaldante,
Um bom caminho leva ao parque.
Arranhas-céus tampam o azul
e as frutas são suculentas.
As biciclietas são muitas,
pessoas tão arrumadas,
supor esparrama na face.

Saudades então de outubro
de folhas secas douradas,
do vento batendo já forte,
de tardes mal acabadas.
As noites, silencio morto,
o canto é o mesmo de sempre
e tudo começa de novo.

Ah, Oitava Avenida, como te amo...

                        Fernando Tanajura Menezes

Do livro: Cântico das rosas, João Scortecci, 1997, SP

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