CINEMA na literaturalogotipo

FERINO
 
 MEU GATO
 TEM OLFATO APURADO
 SENTE MEU CHEIRO DE LONGE
 ESSE GATO TARADO
 COM CARA DE ANJO
 ANDA SEMPRE AOS BANDOS
 SEM EIRA, NEM BEIRA
 DE BANDA, MEIO BAQUEADO
 CAINDO DE BEBEDEIRA
 PULANDO CERCAS, TELHADOS
 SALTANDO DE GALHO EM GALHO
 PERAMBULA PELA RUA
 À ALTA MADRUGADA
 MIANDO PARA A LUA
 CHAMANDO A GATA AMADA
 PARA UMA ORGIA
 DISFARÇADA DE POESIA
 É CHEIO DE NOVE HORAS
 TEM UMA QUEDA POR GATAS LOURAS
 DIZ QUE ENTENDE NUMEROLOGIA
 MAS QUANDO ME PEGA DE QUATRO
 FICA ESTÁTICO
 FEITO UM DOIS DE PAUS
 É UM LUNÁTICO
 COM SEGREDOS GUARDADOS
 À SETE CHAVES
 SINTO VONTADE
 DE MANDÁ-LO ÀS FAVAS
 QUANDO ELE APRONTA
 MAS CONTO ATÉ DEZ
 E ESQUEÇO QUE ELE MENTE
 SE ME ENCONTRA
 É UM ATROPELO
 RANGE OS DENTES
 ERIÇA OS PELOS
 ME CRAVA AS UNHAS
 ME ASSANHA E ME RENDE
 À SEUS PÉS
 NESSA HORA ELE É VULCÃO
 UM CÃO SEM DONA
 EM PELE DE GATO
 DEPOIS É ICEBERG
 UM BLOCO DE GELO
 INSENSÍVEL, SEM TATO
 SOMOS A DIVINA COMÉDIA HUMANA
 CÉU, INFERNO, PURGATÓRIO
 ENCONTRO ALEATÓRIO
 CASO DE FIM-DE-SEMANA
 NOSSO ROTEIRO NO LEITO
 NÃO TEM ROMANCE ALGUM
 É FRICÇÃO, ATRAÇÃO, FICÇÃO
 PARA SPIELBERG NENHUM
 BOTAR DEFEITO.

                                                    Valéria Aparecida Tarelho